Sustentabilidade certificada ou certificação Leed, você sabe o que é isso?

Colocar um projeto de arquitetura sustentável na ponta do lápis pode ser assustador para quem não está preparado para gastar um pouco mais com as obras. O que muitos se esquecem é de que o investimento é recuperado ao longo do tempo. Imagine não precisar pagar conta de luz e diminuir a quantidade de água consumida todos os meses. Faz toda a diferença no orçamento. E se o alívio no bolso vem a longo prazo, na consciência ele é instantâneo. Afinal, quem não se sente melhor ao tomar uma atitude que preservará o mundo para as gerações futuras?

Para medir o nível de sustentabilidade das construções mundo afora, a organização Green Building Council, com sede nos Estados Unidos, criou o selo Leed. A sigla para Leadership in Energy and Environmental Design certifica os prédios e residências que atendem a alguns requisitos, nas categorias eficiência energética, uso racional da água, materiais e recursos e inovações e tecnologias. Ao fazer uma avaliação, a instituição dá uma pontuação que vai de 40 a 110. Dependendo da nota atingida, o projeto recebe um selo Leed de prata, de ouro ou de platina. De acordo com a unidade brasileira do Green Building Council, nosso país já é o quinto no ranking mundial de construções sustentáveis, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Canadá e China. No entanto, os projetos certificados são todos de edifícios comerciais.

Em entrevista exclusiva à Casa e Jardim, Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil, dá mais detalhes sobre o assunto:

Casa e Jardim Online – Qual é a importância da certificação Leed?
Marcos Casado – O selo traz diversas vantagens para os empreendimentos, como redução dos custos operacionais em toda a vida útil (água e energia), melhora da qualidade interna (com o aumento da luminosidade, diminuição do uso do ar condicionado), valorização do imóvel, além do reconhecimento da organização na aplicação dos conceitos relacionados à sustentabilidade, que é um grande diferencial de marketing.

CJ – Quais são os requisitos para que uma construção ganhe o selo?
MC – Para receber o selo verde, a construção deve atender a alguns pré-requisitos que são obrigatórios e garantem um desempenho mínimo necessário a esses empreendimentos. Os critérios para a certificação Leed referem-se a essas cinco categorias: eficiência energética, uso racional da água, materiais e recursos, qualidade ambiental interna, espaço sustentável e inovações e tecnologias.

CJ – Na sua opinião, por que ainda não temos residências certificadas no Brasil?
MC – A metodologia da construção de casas no Brasil é bem diferente da americana. Vamos primeiro tropicalizar uma nova referência, chamada Leed Home, para depois aplicá-la no Brasil. Porém, já existem edifícios residenciais em processo de certificação.

CJ – Sai mais caro construir pensando em sustentabilidade?
MC – O valor atual para construções de um empreendimento sustentável certificado está entre 2% a 7% a mais do que o custo de um empreendimento convencional. Em contrapartida, os custos operacionais são em torno de 6% a 9% menores: os valores gastos com água são reduzidos de 30% a 50%; com a energia, de 25% a 30%; e com a gestão de resíduos, de 50% a 70%, o que compensa esse investimento inicial maior.

CJ – Existe algum cálculo de quanto tempo leva para recuperar esse investimento?
MC – Em uma construção sustentável, esse retorno acontece entre 3 e 5 anos.

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